Regalos

Pessoas Boas (Bohn) que Encontramos Vida Afora!

05/01/2018


Talvez, você já viveu a experiência que vou relatar a seguir, caso não, fique atento, sempre é tempo de nos surpreender!

Escolhi falar de uma pessoa entre as significativas, não da infância ou da adolescência, mas da minha vida adulta. Fase que entendo serem mais raras, por várias razões, entre elas a escassa humanização na contemporaneidade. Mesmo em um mundo em que o entorno está tão cruel, encontramos pessoas que constroem conosco degraus de sabedoria cultural e intelectual, mais do que isto, degraus de sabedoria humana.

Na minha história tive o privilégio de dialogar, no sentido bakhtiniano, como psicóloga, psicanalista e linguista com aquelas que inspiraram meus sonhos, passos profissionais e humanos. São pessoas que, quase todas elas já perdi, continuam ecoando dentro de mim.

Dia 29 de novembro de 2017 deixei de conviver, presencialmente, com a pessoa mais inspiradora da minha fase atual, o linguista Hilário Bohn! Enquanto escrevo, vem na memória o eco de minhas próprias palavras dialogando com ele. Prof. Hilário...... E o eco de sua voz chamando por meu nome, Lúcia.....

Sempre penso que o mais difícil nas ausências dessa natureza é não poder dirigir minha palavra àquela pessoa, ou ouvir sua voz pronunciando meu nome. Nunca mais! Só o que resta é a memória, que também um dia começa a se apagar, ficando a marca dos sentidos vinculares no pré-consciente ou no consciente mais distante. Isto sim, nunca se apaga.

Com o Mestre Bohn apreendi a desenvolver a identidade de linguista em culturas e fronteiras. Nesse momento, um insight: minha segunda língua, além da materna, o português, foi o francês, que aprendi via meu pai que, coincidentemente, também faleceu á muitos anos dia 29 de novembro. Via Prof. Hilário (estou me ambientando referir-me a ele em sua falta) encontrei pessoas que me seduziram por um brilho identitário em suas falas e posturas. Existem os grupos lacaniano, freudianos, bakhtianos e, nesse momento, visualizo o grupo bohniano. Sim, a história dele continua, o legado que gerou em cada uma de nós, grita por continuar ecoando em outras línguas, fronteiras, identidades e culturas. Junto a sua ausência física, surgiu o fortalecimento vincular grupal. Desejo força e sabedoria para em 2019, olhar 2018 com alguns degraus já construídos e compartilhados junto a rede de mentes e ações movidas pelos sentimentos bohns.


Lúcia Grigoletti