Regalos

​Escrever é também um modo de melhor elaborar nossos sentimentos!

10/01/2017

Hoje (10/01/2017) precisei, conscientemente, desse recurso ao ler a notícia da perda de alguém que me ensinou a pensar no contemporâneo, Bauman.

Não sei quando, pela primeira vez, entrei em contato com seu pensamento, mas sei que me tocou de tal forma, a nunca mais poder falar sobre a contemporaneidade sem considerar seu olhar observador nos processos pós-modernos. Com certeza, este não foi um Amor Líquido! Mas foi tema de minha primeira sincronia com sua obra.

Além de estar presente na minha fala em aulas que ministrei em Psicologia, também em disciplina do Serviço Social, recordo passar um semestre, debruçada sobre seus textos. Acho natural querer transmitir a outras gerações nossos mestres inspiradores, indo na contramão de Vida Líquida. Minha segunda leitura baumaniana.

Só fui escutar a sonoridade de sua voz em 2011, no curso Fronteiras do Pensamento, quando ele havia perdido sua esposa e não pôde comparecer, gravando um vídeo exclusivo para toda a comunidade ávida por conhecê-lo vis a vis. Nessa ocasião, fez uma bela caminhada em direção às questões identitárias. Ah! Outro tema que sou completamente apaixonada, presente em meu doutorado em Linguística. Terceira leitura, Identidade.

Já passei por outras perdas tomadas como referência em minha profissão, como Salvador Célia, Daniel Stern e David Zimerman. Agora, dou-me conta que para cada um tive esta mesma necessidade, breve texto de agradecimento a eles e às circunstâncias que me fizeram conhecê-los, tendo a certeza de continuarem a iluminar meus pensamentos.

Obrigada Bauman, por uma caminhada não líquida e descartável! Por teres transformado tuas dores pessoais na capacidade de traduzir o que vemos e sentimos, mas nem sempre entendemos nesta época de grande crise humanitária.


Lúcia Grigoletti