Com que ouvido escutamos nossos pacientes? Como diz o psicanalista Kovadloff: somos um grande ouvido, todo nosso corpo escuta.
Para nós terapeutas, saber reconhecer essa escuta é fundamental, pois o paciente não nos procura pelo que ele sabe, mas pelo que ele não sabe que sabe. Sua dor embora possa ser consciente, não é suficiente para saber lidar com ela.
Algumas vezes, suas palavras nos dizem pouco e seus silêncios ou suas expressões não verbais, nos dizem muito. É na arte da escuta, no sentido kovadloffiano, que mora o trabalho terapêutico!
Cada profissão com seus instrumentos. Os nossos, psicoterapeutas psicanalíticos, está na escuta/tradução da palavra, não só com seu significado mas também com o sentido que a acompanha, sendo, às vezes, acompanhada de ausência de sentido.
É essa palavra-dor dos pacientes que passa por todo nosso corpo-mente, caixa de ressonância, que traduz, reorganiza ou até inaugura, o sentido da dor de cada ser, seja ele em idade avançada, adulto, adolescente, criança ou bebê.
É somente no exercício da escuta terapêutica que afinamos nossos instrumentos e podemos tocar sintonizados com essa grande orquestra, a vida de nosso paciente.
Psicanalista Lúcia Grigoletti